domingo, 12 de junho de 2011

HISTÓRIA DA COMUNIDADE DA VILA CASCATINHA - OLARIA - RJ

História da Comunidade Vila Cascatinha – Olaria - RJ.


              A origem do nome Olaria deu-se em virtude dos senhores de engenho, que mantinham no local inúmeros desses fornos, sendo a primeira olaria construída em 1821, no século XIX, por iniciativa da família Ferreira, aproveitando a abundância de barro oriundo do Morro do Alemão, pertencente àquela época a dita família.
Com a implantação da estrada de ferro, iniciada em 1882, e a localização das primeiras paradas, sendo o caso de Olaria, Bonsucesso e Ramos. Ficou evidente que o negócio se multiplicaria. Por volta de 1886, o progresso no local foi marcado pelo apito da locomotiva de ferro, da Estrada de Ferro do Norte.
Os descendentes da família dos Rêgo, casal Francisco José e Clara, Antonio, que morreu em 1869 era solteiro e dedicado à agricultura, Joaquim engajou-se no serviço público e o outro irmão incorporou-se no Exército como voluntário, no posto de alferes, por volta da guerra do Paraguai, prosseguindo na carreira militar até o posto de Major, e na vida civil, tornou-se Delegado de Polícia, marcando sua posição na área como "Major Rego", nome consagrado até hoje, como também, de seus irmãos e outros familiares.
Mas, as olarias primitivas prosseguiam no progresso tornando-se potências econômicas que caracterizavam o bairro. Destacamos a mais importante fábrica que foi construída na Estrada da Penha, mais tarde denominada Democráticos, e hoje Rua Uranos. Outra importante cerâmica, também na Rua Uranos, foi a da firma de Bernardo de Mello e Custódio Ornellas, conforme citação de Jorge Raed, de família pioneira de Olaria e estudioso da história do bairro e de Olaria.
Tal era à época, a movimentação da indústria de artefatos de barro, produzindo os mais simples produtos, empregando rudimentares maquinarias e usando seus fornos de lenha em grande consumo, daí surgindo à linha do trem, próximo a estação, um espaço para descarga nesta linha de grande material para queima; hoje, nem vestígio comprova o passado.
A tradição manteve-se na linguagem popular: a localidade primitiva passou a ser conhecida como "Olaria", conservando-se até os nossos dias, apesar de a estação alterar seu nome para "Pedro Ernesto". Porém, a idéia não vingou, mantendo-se o primitivo e pitoresco nome do local de "Olaria".
       Apesar de pouco desenvolvida a Comunidade da Vila Cascatinha é muito antiga; com mais de 90 anos. Localizada dentro do bairro de Olaria ela é constituída por pessoas de várias regiões dos estados do Brasil e ainda mantém as suas características simples e humildes. Por ter um clima agradável e várias nascentes de águas puras e cristalinas as pessoas se ambientaram facilmente.
      Durante a semana as mulheres juntavam as roupas sujas, faziam trouxas, colocavam na cabeça e iam em direção as pequenas cascatinhas para lavá-las. Os caminhos de acessos eram feitos através de trilhas no meio do mato, pois existiam pouquíssimas residências.  Enquanto lavavam as roupas as suas crianças brincavam e nadavam livremente nas pequenas lagos que se formavam. Diante desses encontros as pessoas foram denominando o local e assim o chamando de Cascatinha. Local esse onde as mulheres se encontravam para lavar roupas, pegar água para o próprio consumo, para os animais e pequenas plantações.
        Não havia iluminação pública e nem a água potável. As ruas de acesso eram feitas de barro e no caso de chuvas as pessoas ficavam isoladas.
O meio de transporte utilizado naquela época era chamado de
“ Pererequinhas”.  Carros de transporte particular marca Doget Coronet 1950 (foto do modelo do carro em anexo), na cor preto que seus donos utilizavam para transportas as pessoas dessa pequena Comunidade. O ponto final era na Rua Ministro Moreira de Abreu, esquina com a  rua Itamirim. Era cobrado um pequeno valor para levar as pessoas até a estação de Olaria e vice-versa. Alguns anos após criaram um ponto de “lotação”. Pequeno ônibus que transportavam as pessoas até São Cristovão e logo após o centro da cidade. Hoje a Comunidade possui duas linhas de ônibus: 312 – Olaria x Praça Mauá  e  625 – Olaria x Saens Penna.
      Os moradores da localidade sofriam muito com a dificuldade de ter água potável em casa. Não havia tubulações. As pessoas acordavam cedo, pegava uma lata de 20 litros ou baldes de alumínio e caminhavam kilometros para consegui encher a lata ou o balde. As mulheres subiam o morro com lata na cabeça e para não machucar fazia uma pequena “rodilha” (rodela feita de pano com vária voltas)  para apoiar a lata sobre a cabeça e não machucar. Já os homens usavam balanças. Ou então iam pegar água de poço para lavar roupas, louças etc. Algumas residências possuíam poços cartesianos e seu moradores deixavam as pessoas pegar água. Hoje isso já não existe, pois em sua grande maioria a população já tem água encanada.
      O sistema de esgoto era muito precário. Os moradores construíam as sua fossas no próprio terreno e a água dessas escorria pelas ruas e caminhos a céu aberto. Em caso de chuvas os caminhos ficavam intrafegáveis, pois juntavam poças enormes e os moradores tinham que pular ou colocar tábuas encima para que pudesse passar sem pisar. Isso agora não mais existe, pois foram colocadas tubulações para os esgotos.
A iluminação também era um fator precário na localidade, pois pouquíssimas pessoas tinham em suas residências. O morador para ter luz na sua casa tinha que comprar vários metros de fios para puxar um “bico” de luz (ponto). Um emprestava ao outro e sendo assim poucas pessoas tinha iluminação em suas casas. Iluminação nas ruas só da lua. Hoje todos têm energia elétrica em suas casas.

      Os costumes dessa pequena comunidade na época era o catolicismo. Por ter igrejas e por freqüentarem aos domingos a missa o respeito á Deus era imprescindível. Na sua maioria as famílias cultuavam a virgindade e por isso era muito importante o casamento na igreja católica. O véu e a grinalda simbolizavam a virgindade da moça. As que não se casavam dentro dos padrões da sociedade ficavam mal falada pela vizinhança. Todos os casamentos tinham que ter uma grande festa de comemoração. Quando alguém tomava conhecimento que a filha da vizinha iria se casa no sábado ás 17 horas; o morro ficava em alvoroço. Todos iam correndo para o portão ver a saída da noiva de casa. Após o casamento na igreja a noiva retornava a casa dos seus pais para receber os convidados. Vinham uma grande comitiva de carros buzinando e assim os vizinho retornavam as ruas para ver noiva chegando e os seus convidados.



“ Pererequinha”


Ônibus chamado lotação



LATA D’AGUA NA CABEÇA






DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DE SAÚDE
EQUIPE CASCATINHA

→ Diagnóstico Demográfico e Socioeconômico:
Dados ambientais: Presença de nascente, nasce sob as pedras no morro, corre por uma vala acimentada e passando pela rua Padre Domingos Carneiro (pelo n 83) deságua em uma rede pluvial, Tipo de terra: fértil e boa para o plantio, Clima Tropical, Presença de relevo,Vegetação típica da localidade com árvores frutíferas, Moradia predominante: alvenaria sem revestimento externo, Presença de animais domésticos:gatos, cães  e porcos.

Dados histórico-culturais: ...., primeiros habitantes foram imigrantes vindos do Nordeste principalmente da Bahia, Crenças: catolicismo, seguidores da Igreja Nossa Senhora da Penha e Igreja do Bom Jesus da Penha e diversas denominações de igrejas evangélicas, Costumes culturais: bailes funk e envolvimento nas atividades evangélicas, hábitos: confraternização familiar nos fins de semana com churrasco.

Dados Socio-demográficos: ..., condições da água: a origem é de rede geral, armazenamento: cisternas e caixas d’água, há falta de água no verão, destino dos dejetos: rede geral de esgoto, condições das moradias: variadas, devido às condições financeiras há uma pequena parte da população que reside em ambientes sem condições de moradia, equipamentos de lazer e entretenimento: não há, renda familiar média: entre 1 a 2 salários mínimos, situação de emprego: maior parte da população a ocupação é informal, situação de crianças e adolescentes na escola: pode-se dizer que praticamente todas as crianças freqüentam a escola e que a predominância é na rede pública de ensino.

Dados Econômicos: Presença de pequenos comércios (como oficinas mecânicas, serralheria e bares), presença de fábricas informais (confecção e pipas).

→ Perfil Epidemiológico:

Dados de doença referida: Idosos hipertensos e diabéticos em acompanhamento, sequelados de AVC, poucos casos de doenças infecto-contagiosas, pequena proporção dos idosos são acamados e saúde bucal ainda é precária (atinge crianças a idosos).

Dados oficiais do comportamento de doenças na comunidade: hipertensão, diabetes, doenças respiratórias (associado ao cigarro), distúrbios hepáticos (cirrose) e depressão.
dados vitais (nascidos vivos e óbitos): ...  e a  situação vacinal: cobertura vacinal ampla.

→ Problemas encontrados: lixos, valas negras, caramujoS africano, porcos, cães soltos, ratos, ...
→ Problemas prioritários: lixos e porcos.
→ Grupos de prioridade:
Crianças: Alto risco para doenças respiratórias devido ao pó proveniente de uma pedreira e doenças dermatológicas devido  ao contato com terra, esgoto aberto e dejetos de animais.
Hipertensos e diabéticos: Risco médio devido às condições financeiras não serem favoráveis a uma alimentação adequada.
Hansenianos: não há na área.
Tuberculosos: baixo risco devido à boa adesão ao tratamento.
Idosos: Alto risco principalmente devido às condições difíceis de moradia (escadas e planos inclinados).
Avaliação de risco e vulnerabilidade em relação às áreas vigilância ambiental: Lixo - alto riscos devidos estar a céu aberto e espalhados pelas ruas ocasionando presença de moscas, baratas, ratos, ... ;Deslizamentos: Alto risco devido ao desmatamento e construções irregulares; Desabamentos: Alto risco devido as grandes chuvas e construções irregulares; Contaminação do solo: baixo risco, da água: alto risco devido encanamento quebrados e vazamentos e do  ar: alto risco decorrente da pedreira em atividade.
Saúde mental: Alto risco, alguns casos de pacientes psiquiátricos/psicológicos, usuários e ex-usuários de drogas ilícitas e depressão principalmente nos idosos.
Saúde bucal: Alto risco, higiene precária, infecções gengivais e dentárias e ausência de dentição.
Cobertura vacinal: baixo risco, ampla cobertura vacinal.



maio/2011.

6 comentários:

Anônimo disse...

Show gostaria de saber mas a respeito

Anônimo disse...

Vivi um bom tempo com parentes na penha,nos anos 70,lembro de ter ido a um clube baile com o nome de cascatinha em 79..

Anônimo disse...

Moro em Olaria, do outro lado, perto das Cinco Bocas. Sempre quis saber sobre a história do bairro.

Ginaldo Gomes da Silva disse...

Morei em Cascatinha em 1959 e usava a Pererequinha até Olaria. Era dessa forma como foi dito acima.

CID MAURO OLIVEIRA disse...

Ancestrais do meu pai chegaram à Cacatinha em 1931, por causa da seca no interior do Rio de Janeiro, em São Sebastião do Alto.

Unknown disse...

Moro aqui há um mês e estou maravilhada com a natureza que ainda persiste aqui, o canto dos pássaros, e a diversidade deles aqui.

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A ESF tem como objetivo: promover, prevenir, reabilitar, acompanhar e orientar as famílias, de forma acolhedora, buscando a melhoria da qualidade de vida da nossa Comunidade - Cascatinha.



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